Recorde de queimadas na Amazônia afeta 107 milhões de brasileiros

Rios secos e temperaturas altas potencializam o fogo que destrói enormes áreas de floresta

Por João Freire

Apesar de o desmatamento ter recuado 45% em 2024, as queimadas aumentaram 88% na comparação com o mesmo período (de janeiro a agosto) do ano passado (Fonte: @inpe_mcti). A explicação é que áreas desmatadas anteriormente são queimadas novamente pelos fazendeiros. Historicamente, o fogo é utilizado para limpeza de áreas utilizadas pela agropecuária e para desmatamento.

A fumaça das queimadas na Amazônia se espalha por 10 estados, prejudicando diretamente cerca de 107 milhões de pessoas que vivem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Oeste do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Amazonas. Esse número equivale a 52,7% da população brasileira, segundo o Censo 2022 do IBGE (@ibgecomunica).

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Crise hídrica

A situação se agravou porque após a seca sem precedentes, em 2023, os rios não encheram totalmente e a seca começou mais cedo esse ano. Faltando dois meses para o pico da vazante (nível mais baixo das águas), o rio Negro atingiu um nível crítico e o rio Solimões atingiu a menor cota para o mês de agosto. A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica nos rios Madeira e Purus. 

Completando o quadro, os recordes de calor, o clima muito seco e ventos fortes fazem as queimadas intencionais virarem grandes incêndios florestais que devastam a vegetação e matam milhares de animais.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (@mmeioambiente), atualmente o fogo na Amazônia ocorre principalmente no sul do Amazonas e nos arredores da Rodovia Transamazônica (BR-230). O governo federal conta com 1.489 brigadistas do Ibama e ICMBio atuando no combate aos incêndios florestais na Amazônia.

A destruição não para

O MapBiomas (@mapbiomas) divulgou um novo relatório sobre a perda histórica de áreas naturais no Brasil. Até 1985, o país tinha perdido 20% da área de vegetação nativa. No período seguinte, até 2023, mais 110 milhões de hectares foram destruídos, alcançando 33% de perda e metade desse total (55 milhões de hectares) ocorreu na Amazônia.

Em seu 9º Seminário Anual, o MapBiomas apresentou dados atualizados sobre a Amazônia:

  • Rondônia, Tocantins e Maranhão lideram a lista de estados com maior perda de vegetação nativa;
  • Em toda a Amazônia, no período de 1985 a 2023, as áreas de pastagem aumentaram de 3% para 16%.

Segundo o MapBiomas, a extensão e rapidez da mudança da cobertura e uso da terra são alguns dos fatores que elevam o risco climático do Brasil. “Se solucionarmos toda a agenda de clima, talvez a gente não tire ninguém da fila da fome. Mas se a gente não resolver a agenda de clima, vamos jogar milhares de pessoas na fila da fome”, afirmou Márcio Astrini do Observatório do Clima (@obsclima), que participou do seminário.

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